ENCONTROS AFRICA X EUROPA X BRASIL
O Instituto de Humanidades, Artes e Ciências da UFBA (IHAC) e o SCAC Salvador, com apoio da Région Rhône-Alpes recebem o etnólogo, escritor e viajante Jean-Yves Loude para dois seminários O encontro da África e da Europa (4 de outubro) e Pepitas brasileiras (5 de outubro).
Durante vinte anos, Jean-Yves Loude e sua mulher, Viviane Lièvre, ambos etnólogos, percorreram os países africanos de língua portuguesa. Da efervescência musical em Cabo-Verde ao teatro ritual nas ilhas de São Tomé e Príncipe, do Mali medieval a Lisboa, cidade negra, eis o longo caminho de um escritor viajante a procura da resistência das culturas populares. Se hoje, todos os limites do nosso mundo parecem ter sido alcançados, uma das razões urgentes de viajar ainda seria de explorar uns esconderijos das nossas memórias enterradas, ocultadas e mesmo assassinadas. Nas suas narrativas de viagem, o escritor e etnólogo Jean-Yves Loude dirige investigações quase policiais sobre as consequências imprevistas das Grandes Descobertas portuguesas e salientam a emergência de várias culturas nascidas entre povos oriundos das bodas brutais da Europa com a África, manifestações de resistência que, incontestavelmente, fazem parte do patrimônio da humanidade.
Após anos de viagem pela África chegou a hora dessas buscas prosseguirem no Brasil, cuja notória vitalidade provém, em grande parte, da impetuosa vontade de sobreviver sentida por milhões de Africanos e seus descendentes submetidos à escravidão durante séculos. Mais uma vez, Jean-Yves Loude e Viviane Lièvre resolvem viajar por trás da fachada da História oficial e da muralha dos preconceitos redutores, ao encontro dessa criatividade dos Afro-descendentes, que merece atenção e reconhecimento por sua participação essencial na edificação da identidade do Brasil. Do Rio de Janeiro a São Luís do Maranhão, passando pelos Estados de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Piauí, o casal francês irá em busca de figuras, personalidades mortas ou vivas, vultos negros anônimo s ou pouco reconhecidos, músicos, poetas das ruas, quilombolas, fiéis de cultos sincréticos, artistas autodidatas, na esperança de, finalmente, chegar aos sítios arqueológicos onde repousa hoje, intensamente, a questão sobre as origens dos primeiros Brasileiros.
Jean-Yves Loude, filho de Jules Verne, irmãozinho de Tintin, conta, lê, explica seu processo criativo literário, traz sons e músicas inéditas e provoca bate papo com a platéia. Desde adolescente, Jean-Yves Loude só pensa em viajar o mundo. Lendo Alexandra David-Neel, Kipling, Kessel, Jules Verne e Tintin, ele também pretende se tornar explorador. Aos vinte, deixa a Europa para Índia, Nepal, Paquistão, Afeganistão e Irã. Passa dois anos no Himalaia, roda Cabo Verde, escala a montanha de Tintin no Tibete ou o monte Camarões, investiga em Tombucutu ou em Lisboa. Também foi visto em Montreal e avaliou o mito da fun dação de Brasília. Mas a cada vez, volta feliz à sua terra de Beaujolais onde ele escreve para os grandes e os jovens para compartilhar suas experiências. Jean-Yves Loude publicou mais de quarenta livros, muitos dos quais na editora Actes Sud.
Seminário e bate papo com o etnólogo e escritor Jean-Yves Loude
04.10, 14h, O encontro da África e da Europa
05.10, 14h, Pepitas brasileiras
Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) da UFBA, PAF I (campus Ondina)
entrada franca