Um breve inventário sobre as crises do sistema capitalista, especialmente a partir do século XX, mostra que a questão do desenvolvimento e das estratégias de sua indução pelo Estado se coloca de forma aguda quando as mesmas revelam seus efeitos destrutivos.
A crença de que os mecanismos de livre mercado conduziriam a um processo de desenvolvimento que tenderia à harmonia e ao equilíbrio, ao contrário, redundaram numa explosiva desigualdade entre e intrapaíses transformando o século XX numa era dos extremos, como a caracteriza o historiador Eric Hobsbawm.
Com efeito, a primeira metade do século XX conviveu com duas sangrentas e brutais Guerras Mundiais, uma revolução socialista, a crise de 1929 e a configuração de um mundo onde se concentra poder e riqueza de um lado e miséria e desigualdade de outro, tanto entre países, quanto intrapaíses.
Este desenlace se apoia numa visão de natureza humana e de escolhas e decisões, sem levar em conta as relações sociais e de poder historicamente construídas, relações estas marcadas pela assimetria de classes, frações de classes ou grupos sociais.
O abalo causado pela crise de 1929, epílogo da desordem do mercado sem regulação, conduz à convicção entre quadros de intelectuais preocupados, por um lado com a afirmação do socialismo real e, por outro, com as consequências deste abalo em termos de futuro, da necessidade de regular o mercado e o capital para salvar o capitalismo. O keynesianismo constituiu-se na formulação teórica e política de enorme alcance neste processo de regulação e de formulação política. E é sob essa doutrina que, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, num cenário de partilha do mundo onde o socialismo real obteve uma grande expansão geopolítica, que ganham força as políticas de Estado de bem-estar social.
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