Contra a repressão de ontem e hoje!
Abaixo a perseguição aos estudantes da Puc-SP!
Contra a criminalização aos movimentos Sociais!
A PUC-SP traz em sua história a memória de ter sido um dos bastiões da resistência à ditadura militar. Em 22 de setembro de 1977 a PUC-SP abrigou cerca de 2000 estudantes que reunidos na imediação do Tuca fariam história, se manifestando em repúdio ao cerco policial que impedira a realização do III Encontro Nacional dos Estudantes no dia anterior. Num ato de coragem, a PUC-SP abria suas portas para a realização do evento que no dia anterior havia sido impedido de ocorrer pelas forças repressivas do estado.
Como sabemos todos, a tentativa de manifestação dos estudantes na PUC-SP terminou sendo duramente reprimida pelas tropas do comandante Erasmo Dias, secretário de segurança pública da época. A repressão resultou em estudantes gravemente queimados pelas bombas, e cerca de 2000 presos. A própria reitora da época, Nadir Kfouri, classificou a ação policial como uma "vergonha". Frente à declaração de Erasmo Dias de que o estado "repararia os danos", respondeu: "há danos que não podem ser reparados". As marcas desta noite seguiram vivas na memória não só de toda a comunidade universitária, mas do próprio país. Durante trinta anos a PUC-SP, ao contrário de outras universidades do país, não conviveria com a presença da polícia no campus.
Mas esta herança da qual todos nos orgulhamos foi gravemente ferida pela atual reitora, Maura Véras. Na madrugada do dia 11 de novembro de 2007, trinta anos após a histórica invasão, Maurá Véras rende uma vergonhosa homenagem a Erasmo Dias e aciona a polícia contra os estudantes. Um ostensivo aparato policial composto pela Tropa de Choque, Grupo de Operações Especiais, Grupo de Ações Táticas Especiais e Força Tática, se dirigiram à reitoria ocupada desta universidade. Não deram nenhuma chance aos estudantes que se mobilizaram por estarem cansados dos cortes de bolsas, sucateamento dos cursos considerados "deficitários" , aumento da repressão pela empresa de segurança Graber, além é claro das indecentes mensalidades cobradas, tudo isso parte do projeto de Redesenho Institucional.
Entendemos que esta escalada repressiva não é privilégio da PUC-SP, mas se faz sentir de maneira cada vez mais profunda na tentativa de criminalização dos movimentos sociais, e na repressão policial da qual são vítimas a ampla maioria da população, sobretudo os pobres e negros. Os exemplos são abundantes, abarcando desde as mães moradoras das favelas de Salvador, que se mobilizaram contra o assassinato de seus filhos pela polícia, passando pela repressão aos estudantes que se colocaram em luta em diversas universidades no ano passado, pela regulamentação do direito de greve, até a repressão às mulheres da Via Campesina, para citar apenas alguns exemplos recentes.
Nós, que nos reivindicamos como portadores da herança da PUC que lutou contra a ditadura militar no país, queremos nos manifestar contra esta escalada repressiva dentro e fora dos muros da universidade, resgatando o legado dos estudantes que se mobilizaram e dos professores que corajosamente os apoiaram em 1977. Queremos recolocar a universidade como centro de reflexão, debate e mobilização pela defesa dos direitos democráticos no seu interior e na sociedade de conjunto.
Por isso, chamamos todos os intelectuais, professores, estudantes, de dentro e fora da PUC-SP a se ligar aos representantes dos movimentos sociais, sindicatos, organizações de esquerda e de defesa dos direitos humanos a se unirem contra a repressão de ontem e hoje participando do
Ato-Debate
25/03, 19:00
sala 239 - prédio Novo da PUC-SP
Assinam esse chamado: APROPUC (Associação dos Professores da Puc), AFAPUC (Associação dos Funcionários Administrativos da PUC), CA Benevides Paixão (Artes do Corpo, Jornalismo e Multimeios), CA Clarice Lispector (Letras, SEB e SET), CAE (Educação), CAFIL (Filosofia), CACS (Ciências Sociais, Geografia, História e Turismo), CAPSICO (Psicologia) , CARI (Relações Internacionais) , CASS (Serviço Social), CA 22 de Agosto (Direito).